A mulher da Ecomagination

Beth Comstock, diretora de marketing da GE e responsável pelas iniciativas Ecomagination e Healthymagination, destaca, nesta entrevista, a importância da imaginação na busca de novas formas de aplicar a tecnologia para construir o renascimento da manufatura (em detrimento dos serviços) e o futuro das empresas

As áreas de infraestrutura, finanças e mídia da GE operam sob o lema “imaginação em ação”. Por quê?

Para criar uma marca forte, é preciso um tema suficientemente abrangente que unifique e reúna os diferentes clientes e funcionários. Logo depois do 11 de setembro de 2001, começamos a nos perguntar: “Para onde vai a empresa?”. Sabíamos que as coisas iam mudar e que a GE teria de mudar.

Então, passamos a focar a ideia de voltar a nos conectar ao nosso DNA inovador original, do Thomas Edison, que a fundou em 1878. Somos uma companhia tecnológica e apaixonada por nossa tecnologia.

O que é esse método “inovação de negócio” –ou inovação comercial?

É saber encontrar oportunidades para entrar em novos mercados, sabendo alinhar as informações de toda a empresa para resolver os maiores problemas. Isso nos levou a criar duas de nossas iniciativas mais importantes, a Ecomagination e a Healthymagination. A Ecomagination foca a eficiência de uso de energia e a Healthymagination, a saúde sustentável. Em ambas, fazemos experimentos com a inovação reversa, que implica entrar em um mercado como o indiano e perguntar: “Como podemos atender a uma grande necessidade daqui com as tecnologias de que dispomos?”. Quer um resultado disso? É o eletrocardiógrafo portátil de US$ 500, que, ao médico da Índia, custa o mesmo que uma garrafa d’água por exame. A inovação comercial reconhece o fato de que a tecnologia é fundamental, mas podem existir maneiras novas de aplicá-la a problemas maiores. Temos de trabalhar no laboratório e fora dele, conectados ao mercado.

 

E inovar modelo de negócio?

Temos uma série de projetos em desenvolvimento, mas somente alguns nos levam a maneiras diferentes de fazer negócios ou a novos espaços no mercado. Nós os mantemos em um lugar muito protegido e nosso CEO, Jeffrey Immelt, controla e supervisiona pessoalmente seus avanços. É um modo de não deixar que o processo e o rigor destruam uma ideia.

Vocês falam em inovação de plataforma. O que é isso?

Para nós, plataformas significam unir, de um jeito novo, todas as peças, a fim de encontrar valor. Fizemos isso com a iniciativa Ecomagination, que surgiu para responder à pergunta: “Como aplicamos toda a tecnologia que produzimos à criação de um meio ambiente mais sustentável?”. Deveria haver formas de ligar o que fazíamos em aviação, ferrovias, energia e água para gerar soluções interessantes em eficiência energética. E há. Dizemos que é uma inovação de plataforma, porque, nesses projetos, conectamos a tecnologia existente a novos softwares e dados, e fechamos algumas associações interessantes com empresas, governos e organizações não governamentais.

Isso é inovação aberta?

Sim, no último ano, levamos adiante o desafio da inovação aberta para a Ecomagination em parceria com quatro sócios de capital de risco. Até o momento, investimos em mais de 20 novas ideias e estamos avaliando outras 5 mil. É esse o potencial!

E o projeto com carros elétricos?

É um grande exemplo de inovação de plataforma. Ninguém sabe até onde esse mercado irá, mas há muita inovação na área. Temos conexão com as companhias de serviços públicos e a capacidade de vinculá-las aos consumidores. Possuímos a tecnologia usada em alguns motores, as estações de carregamento de bateria e um negócio muito sólido de aluguel de automóveis. Mas não se trata apenas de querer vender nossas estações de carregamento: decidimos comprar e alugar 25 mil veículos elétricos nos próximos cinco anos, e cada vendedor da GE conduzirá um.

Como seus funcionários se arriscam a dar ideias? Podem errar?

Geramos um espaço especial para incubar os projetos, sim, e, por vezes, temos de vê-los fracassar ali. Ideias não faltam, nem podemos processar todas que já temos. Fazemos com que as pessoas confiem em realizar testes e se aproximem dos clientes.

Você crê em um renascimento industrial, como crê Jeffrey Immelt, que quer a manufatura respondendo por 20% da força de trabalho?

Sim! Queremos que nossa imaginação funcione justamente para que haja mais empregos. Grande parte do desenvolvimento tecnológico que nossos colaboradores realizam implica levar a expandir a indústria. Idem para os veículos elétricos, que também podem criar muitos postos de trabalho.

SAIBA MAIS SOBRE BETH COMSTOCK

Ela é considerada pela revista Fast Company uma das principais referências do “generation flux” –um novo modo de fazer negócios ligado à ideia da mudança contínua. Mas Beth Comstock, diretora de marketing da General Electric e há mais de 20 anos na empresa, transmite em seu discurso a importância de equilibrar tradição e inovação para manter a liderança da GE em seus mercados. Assim, vem se notabilizando por frases de impacto como:

• “Em empresa grande, nunca sentimos ser rápidos o bastante.”
• “A inovação em modelo de negócio é uma constante hoje.”
• “Deve-se sistematizar a mudança.”
• “Há quem mude por mudar; às vezes, pelas razões erradas.”
• “A mudança é ilimitada. O tempo não.”

SAIBA MAIS SOBRE A LINHA ECOMAGINATION

Fonte: HSM Management